Um time feminino ou masculino, qual o mais problemático?


Matéria publicada no Blog do Professor René Simões - http://esportes.r7.com/blogs/rene-simoes 

Como vou comentar o futebol feminino na próxima Olimpíada em Londres, as perguntas sobre  a  minha participação com as mulheres nas Olimpíadas de Athenas em 2004, estão de volta a todo vapor.
Dias atrás fiz uma entrevista com a  jornalista Sandra Laza, para um programa pela internet chamado, Mulheres em Negócios. A Sandra me perguntou se as mulheres eram mais complicadas do que os homens na sua condução e administração. Como sempre respondo, disse que não existe o mais difícil ou o mais fácil , o que existem são as diferenças psicológicas e físicas entre os sexos.
Isso me obrigou a usar estratégias diferentes para a obtenção de objetivos semelhantes, ou seja, time bem condicionado fisicamente, inteligente taticamente, forte psicologicamente , focado, unido e disposto a pagar o preço pelo pódio.
Destaco algumas diferenças relevantes que o treinador e a comissão técnica precisam saber para não errarem na condução do trabalho com homens ou mulheres.
Aproveito um texto excelente escrito por Ivan Martins, intitulado: Solidão Contente-  os que as mulheres fazem quando estão com elas mesmas.
Ivan Martins: "A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói".
O homem encaixa muito mais rápido as derrotas, frustrações e desavenças. Perdeu um jogo,  já  na reapresentação o jogador se mostra mais conformado e preparado para dar a volta por cima. Nunca pensei que isso fosse falta de interesse, responsabilidade ou falta de comprometimento.
Ivan Martins: "A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem".
 Essa interiorização embora tenha o seu lado bom no dia a dia, no treinamento e montagem de equipe, se torna um grande obstáculo para o treinador.
Elas, ao errarem, se recolhem ao seu interior e se punem rigorosamente. Exigindo muito trabalho do comandante para fazê- las entender que errar faz parte da evolução de qualquer profissional em qualquer área .
Enfim, atleta é atleta, seja do sexo masculino ou feminino e requer muito cuidado por parte de todos no seu desenvolvimento e aprimoramento.
As mulheres há muito deixaram de ser o sexo frágil, sabem o que querem, se posicionam, questionam e cobram direitos, são detalhistas e criteriosas. Saíram dos seus casulos e estão preparadas para voos mais altos.
Já os homens continuam fazendo barulho e querendo transformar e conseguir tudo  na força dos seus músculos.
As comissões precisam ter equilíbrio e trabalhar com metodologia apropriada para cada sexo, equilibrando as diferenças e fortalecendo as igualdades.

(Por René Simões)

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