Faltam torcedores no Futebol Feminino ou faltam ações e investimento para tornar a modalidade atraente?


Os apaixonados por esportes nunca tiveram tantas opções de consumo das mais variadas modalidades esportivas. Para o esporte a busca por torcedores se transforma em peça fundamental para a sobrevivência de qualquer modalidade.

Hoje temos o pay-per-view, temos o futebol masculino nacional e internacional, basquete, rugby, tênis, judô, Fórmula 1, NASCAR, Motovelocidade. Temos a internet, temos os jogos eletrônicos e uma série de outras possibilidades de entretenimento em busca do mesmo fator: Público (e o público tem todas estas opções a apenas "1 clique").

A concorrência aumenta a cada dia e as modalidades brigam entre si por torcedores, e com este aumento de possibilidades, clubes, dirigentes e federações devem errar cada vez menos e procurar acertar cada vez mais na busca para criar uma identidade do público com a sua modalidade esportiva e com a sua marca. Vivemos em um mercado cada dia mais exigente onde é necessário conhecimento, maior avaliação e melhor visão para que este produto que é a modalidade (esporte) conquiste e se mantenha no topo.

Em todo o mundo isso já é compreendido e os clubes, ligas, federações e confederações investem cada vez mais para manter seus torcedores e atrair novos, ou ainda conquistar torcedores de outra modalidade que podem vir a torcer por ou praticar outro esporte.

No esporte é comum subestimar a decisão do torcedor aderir, se desligar ou readerira um determinado esporte, e isso pode facilmente acontecer. E será que o futebol feminino não pode ter um maior número de torcedores no Brasil?

Vamos a alguns exemplos de modalidades de sucesso no Brasil, seja no âmbito competitivo ou nos fatores torcida, participação e crescimento:

O Vôlei

Foto: Alexandre Arruda-CBV
O Vôlei , segundo esporte na preferência dos brasileiros, que com as características e emoções relacionadas ao esporte (vibração, estímulo, alegria, lazer, torcida sem violência sendo um ambiente família) conseguiu um aumento de 25% na quantidade de mulheres que gostam da modalidade. O número de jovens que gostam da modalidade também cresceu e na pesquisa qualitativa realizada em 2011, 76% dos jovens de 12 a 18 anos preferem o voleibol. 

A Confederação Brasileira de Vôlei transformou os jogos da modalidade em muito mais do que um simples jogo, transformou em um show. Isso sem falar em investimento na base, planejamento, tendo assim 15 anos de garantia de vitórias e títulos, não por achar, mas por planejar e investir para que isso aconteça e vem assim conquistando espaço e torcida constantemente. (Fonte: Planejamento CBV 2011 – Ary Graça/JoséFardin)

O Basquete

Fonte imagem: google
“Apesar da pouca idade — apenas quatro anos —, o Novo Basquete Brasil é um exemplo dessa equação bem-sucedida, tonando-se uma marca em franca expansão. O último balanço da Liga, sobre a temporada passada (2010/2011), mostra que os 15 times do campeonato conseguiram um espaço na mídia equivalente a R$186 milhões. As equipes tiveram 221 horas de exposição na tevê, 108 jogos transmitidos (63 ao vivo), 1.600 reportagens veiculadas em rede nacional e 1.108 em jornais. O fortalecimento do torneio levou a tevê aberta a se interessar em transmitir a final deste ano. Fato que ocorreu no último sábado, na decisão entre UniCeub/BRB e São José.

O dinheiro não chega só aos clubes, mas também à Liga. Hoje, o NBB conta com dois patrocinadores oficias: a Eletrobras e a Caixa Econômica Federal. Sem poder divulgar quanto cada um investe no campeonato, por questões contratuais, a LNB apenas informa que a cota mínima de cada patrocinador oficial é de R$ 1,8 milhão e de R$ 300 mil para fornecedores de material. Nesse último caso, o NBB trabalha com a Penalty e a Netshoes, mediante contrato assinado nessa última temporada. 

“A Liga Feminina de Basquete (LFB) também é patrocinada pela Eletrobras e ainda tem o banco Bradesco como parceiro. Graças ao Maranhão Basquete, a liga das mulheres tem uma média de público em torno de 1.300 pessoas. Isso porque o time nordestino impulsionou as marcas, chegando a levar 7 mil pessoas a um dos seus jogos.” (Nadia Medeiros – Correio Brasiliense)

A corrida de Rua

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A corrida de rua, por exemplo, é um fenômeno. Só em São Paulo, segundo um levantamento realizado pelo Departamento de Corrida de Rua da Federação Paulista de Atletismo o número de mulheres participando destas provas aumentou de 69.070 em 2007 para 139.427 em 2011. Um aumento de 101,86%.

Já a participação de homens compreende um aumento de 51,07%, subindo de 214.890 para 324.630. (fonte:FPA)



O Rugby (Rúgbi)
Fonte imagem: google
Com grande crescimento no Brasil a modalidade atrai investidores. Além da Topper, que “abraçou a modalidade” e investiu atraindo atenção para este esporte através de um comercial muito bem humorado, o HSBC investirá R$ 420 milhões até 2014 no esporte e terá como rival o Bradesco, patrocinador da confederação brasileira. O Rúgbi feminino também cresce muito e observando a força das meninas e o constante crescimento, os clubes viram a necessidade de organizar um torneio especifico da modalidade.

Este crescimento é reflexo do aumento do interesse pelo esporte, dos entrevistados, 55% tem interesse pelo Rugby. Esse  interesse sobe quando falamos com jovens até 25 anos, 62% tem interesse no esporte e 49% jogaria Rugby.Isso comprova a projeção do crescimento do esporte da CBRu (Confederação Brasileira de Rugby). Segundo dados da confederação, em 2004 havia 5.400 praticantes do esporte, em 2010 este número subiu para 30 mil e a projeção é que no ano da Olimpíadas no Brasil o número ultrapasse 60 mil praticante.s” - Pesquisa Deloitte 2011.


Todas as modalidades citadas acima necessitaram de planejamento, organização e investimento de tempo e também financeiro para chegar ao nível que se encontram hoje, e elas estão se saindo muito bem. Seja a nível de alto rendimento ou a nível de participação, todas hoje tem um bom público e conquistaram um espaço no mercado esportivo Brasileiro, e a tendência é o crescimento!


E o Futebol Feminino?

Fonte imagem: Google.
No futebol feminino brasileiro, por exemplo, constantemente dirigentes e “profissionais” da modalidade dizem que faltam torcedores. Na verdade o problema não é a falta de torcedores e sim a falta de visão sobre negócios do esporte, nas formas de atrair o público e investidores e reflexo da necessidade de uma gestão adequada da modalidade no Brasil. Uma gestão adequada não é necessária apenas no nível de Confederação, mas também a nível de clubes, mas o certo é que seja em qual ponta a organização começar (clube ou confederação) com um trabalho bem feito e com resultados esta ação obriga a outra ponta a seguir os passos do sucesso.

O investimento que a modalidade recebe, de um modo geral, ou é muito pouco ou ineficaz. Ainda não há preocupação com a base e não enxergamos que, fazendo uma analogia, ninguém consegue colher bons frutos ou verduras sem antes preparar e investir no cultivo da terra, deixando-a preparada para reaver os custos e obter ainda lucro no momento da colheita.

É preciso gerar a transformação, Implantar, se conectar com os consumidores tendo a preocupação de entendê-los (atletas e público). Tudo isso, e mais um pouco, se faz necessário para que essa marca chamada Futebol Feminino Brasileiro, se torne atraente.

Se as outras modalidades encontram espaço no mercado esportivo brasileiro e conquistam novos adeptos a cada dia, o que falta realmente ao futebol feminino? Talvez, apenas a vontade de fazer dar certo.



Nossos últimos resultados na Olimpíada de Londres e também no Mundial sub-20 deixam ligados o alerta de que mudar é preciso. Não interessa quem vai fazer, mas é certo que algo deve ser feito.

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