ESPORTES: Por que as coisas não mudam para melhor?

Hoje (14/10) cheguei no bairro onde moro às 23 horas. E tive o prazer de encontrar um amigo com quem passei cerca de uma hora em uma conversa sobre futebol, oportunidades e problemas.

Jogamos muitas peladas juntos. Ele, mais novo que eu e muito mais habilidoso. 

Eu era apenas um cara esforçado que se empenhou para aprender a jogar e ser um cara mediano, enquanto ele sem muito esforço se destacava facilmente onde fosse.

Ele teve muitas oportunidades, mas assim como muitos garotos Brasil à fora precisaria colocar seu nome, documentos e a vida na mão de pessoas que estavam mais preocupadas com elas mesmas do que com o futuro do atleta.

Ele desistiu de jogar futebol, casou, teve filhos e agora com 24 anos de idade está acima daquele peso dos tempos de garoto, mas continua com a mesma habilidade. A diferença é que aqueles sonhos de jogar futebol e ser feliz fazendo aquilo já não existem mais.

E ele falou algo que eu sempre escrevo: O problema do futebol é que os técnicos, empresários e dirigentes se preocupam mais com eles mesmos do que com os atletas.

Muitos querem resultados sem dar nada em troca. Pouco fazem, ou pior, mais prejudicam o atleta e as atletas do que ajudam. Essa é a realidade do esporte masculino e feminino.

Sempre leio, vejo e escuto pessoas que falam de si, do que seu trabalho fez o clube ganhar, no que ele transformou a atleta... sempre TUDO é graças ao trabalho do profissional, que vem sempre em primeiro lugar, sempre na primeira pessoa do singular.

É tão difícil ver alguém falar A MODALIDADE, NÓS PODEMOS FAZER, VAMOS NOS UNIR, PODEMOS FAZER ISSO, PODEMOS FAZER AQUILO.

Quantos clubes estão em situações ruins e quantos profissionais estão a reclamar das suas condições de trabalho, mas não são capazes de se unir a outros profissionais de outros clubes ou de outras instituições para fazer algo coletivo em prol do todo e não do eu?

Os profissionais olham uns para os outros como rivais mortais. Se unir pelo esporte? JAMAIS!

São tentativas de puxar os tapetes uns dos outros.

E os atletas? Estes, meninos e meninas, homens e mulheres, sofrem nas mãos de profissionais que apenas lapidam suas qualidades, mas que enchem a boca para dizer que ensinaram ao atleta tudo que ele sabe. Profissionais que escolhem e trabalham o atleta, muitas vezes apenas pelo interesse de poder dizer que o sucesso daquele ser humano se deu por conta do SEU TRABALHO.

É triste, é muito triste!

E muita gente ainda acha que está fazendo um bom trabalho, quando no fundo não está acrescentando e oportunizando nada na vida do atleta. As vezes, no máximo, consegue inflar o ego daquela jogadora, ou daquele jogador, por algum tempo.

Mas o que constrói-se de fato no esporte? Qual o legado que o trabalho que você faz deixa na sociedade e na vida daquele ser humano em que você acha que fez algo?

Não acho difícil trabalhar do jeito certo, pensando no todo, buscando muito mais do que uma massagem no próprio ego.

Pra muitos o trabalho por amor, por um objetivo maior, não passa de uma utopia, um sonho, uma loucura afinal amor não enche barriga de ninguém conforme tantos dizem.

Mas será que se fizéssemos o esporte mais preocupado com os resultados que a modalidade teria a médio e longo prazo e como isso iria interferir positivamente na nossa vida profissional, na vida dos e das atletas, e na sociedade de um modo geral, o esporte não seria maior e melhor do que vemos hoje?

O maior problema é que as pessoas querem ser maiores do que o esporte. Querem lucros, querem um ego inflado, querem status de dizer que estão em algum lugar, mesmo quando este lugar não representa nada de positivo ou de importante de fato.

Falando bem no popular, a realidade é que NINGUÉM GANHA MERDA NENHUMA trabalhando errado. Não existe perspectiva de futuro para profissionais e para a modalidade em um esporte desestruturado.

Atletas perdem, profissionais perdem, o esporte perde!

É chato, é repetitivo, mas não tem como ser diferente. Não dá pra fazer de conta que está tudo maravilhoso quando não está!

Não adianta querer tapar o sol com a peneira, varrer a sujeira para debaixo do carpete e fazer de conta que estamos fazendo muitas coisas, pois não estamos.

As coisas não mudam porque as pessoas não mudam de atitude! 

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