A modalidade não cresce porque Brasileiro não gosta de Futebol Feminino! É mesmo?

foto meramente ilustrativa retirada de google.com
Olá amigos! O blog anda parado, mas de vez em quando, sempre que tiver algo a dizer, darei uma passada por aqui.

Hoje ficou mais fácil porque estou de folga e entre uma coisa e outra parei rapidamente para escrever.

Quando muitos dirigentes de clubes, federações, representantes da TV e até pessoas da CBF ou Ministério do Esporte falam das dificuldades do futebol feminino, citam a falta de interesse do brasileiro pela modalidade como uma das barreiras que impedem a modalidade de crescer. 

Eu discordo totalmente desta afirmação tão comum. 

Já disse outras vezes e repito: BRASILEIRO AMA ESPORTE! e não interessa qual esporte seja.

Amigos, o brasileiro (e quando falo brasileiro, me refiro ao povo brasileiro, homens, mulheres, crianças, adultos e idosos) assiste qualquer esporte na TV ou no estádio. Basta um mínimo de divulgação. 

Durante a semana, na partida entre Inglaterra e Colômbia, pelo mundial de futebol feminino, saí da empresa para fazer um lanche e parei na lanchonete ao lado da empresa. A TV já estava ligada no jogo DE FUTEBOL FEMININO e haviam pessoas assistindo, em sua maioria homens.

E as pessoas iam passando na rua e viam a TV ligada. E foram entrando para assistir. E as mulheres de uma faculdade que fica ao lado também assistiam enquanto lanchavam e a lanchonete foi ficando CHEIA!

Muitas pessoas pararam só pra ver o jogo! 

E não rolaram comentários preconceituosos ou machistas, muito pelo contrário. Até porque quando eu estou em um ambiente assim e qualquer comentário contrário é feito, eu me intrometo, converso, exponho ponto de vista e provo por A + B que estão equivocados em seus comentários (SIM, EU SOU CHATO).

O futebol feminino não precisa de shorts curtos ou roupas coladinhas para mostrar a silhueta feminina para crescer. Ele precisa apenas de espaço e de pessoas que saibam o que falam e como abordar a modalidade, seja na TV, no rádio ou na internet.

A gestão da modalidade não se resume à seleção brasileira, Vai muito além. Vai do clube que investe R$100.000,00 (cem mil reais) por mês até o que investe R$50.00 (cinquenta reais) com muita dificuldade. 

É sim responsabilidade da confederação brasileira de futebol fazer mais pela modalidade. Claro que cabe a todos que trabalham com o futebol feminino trabalhar sério por uma modalidade melhor, mas se a coisa viesse de cima, ficava muito mais fácil.

Se a CBF cobrasse clubes, federações e impusesse diretrizes a serem seguidas para o desenvolvimento da modalidade sob pena de multa ou qualquer outra medida educativa ou punitiva, a coisa andava!


Porque esperar que quinhentas mil pessoas mudem um comportamento que elas tem faz 30 anos não é tão simples. 


Você tem uma atleta que é consciente em meio a 200. E você tem um gestor de clube que é realmente ético e profissional em meio a 30. E as federações estaduais? São todas umas bagunças e podemos dizer que raríssimas pensam no futebol feminino.

Mais fácil é a CBF tomar rédea de tudo, se envolver com TV, se aproximar da educação e do esporte (sem a necessidade de empresa privada e governo misturarem as coisas), criar planos de ação, cobrar federações para que as federações estaduais cuidem dos clubes e junto aos sindicatos façam a engrenagem rodar. E digo que é mais fácil porque quando a ordem vem de cima, ou você se adéqua a ela ou você se adéqua a ela e pronto. Não tem pra onde correr, gostem as pessoas ou não.

A CBF está errada? Olha, acho que pode acertar no cuidado de seleção, erra em muitas outras coisas e ainda faz muito aquém do que poderia.

E o Ministério do esporte? Esse aí eu não sei bem o que quer e como quer, mas acho que poderia chegar em um denominador comum com a CBF e definirem quem cuida do que, e onde um ajuda o outro ou não. 

O que falta de tudo isso é organização e coragem de fazer algo que é bem trabalhoso, pois o povo brasileiro não é desculpa para o não crescimento da modalidade. Porque ele assiste, acompanha e torce, desde de que a modalidade, seja qual for, apareça!

Então, que as entidades responsáveis trabalhem em prol do esporte, façam o futebol feminino atingir todas as camadas, todos os estados, todas as regiões.

Porque não adianta fazer reuniões aqui e acolá com meia dúzia de representantes que NÃO TEM A CAPACIDADE, por toda diferença cultural, financeira, geográfica, climática e afins, de falar pela modalidade. 

É preciso ouvir o primeiro clube do ranking nacional, assim como o último, e assim como os que nem no ranking aparecem. Não se pode falar de futebol feminino e criar ações ouvindo uns poucos.

E digo que para a modalidade mudar é preciso ouvir quem acompanha, critica quando tem que criticar, elogia quando tem que elogiar, que discorda, que pensa diferente afinal não se melhora nada com pessoas batendo palmas para qualquer coisa que seja dita. É preciso divergir, debater, ouvir, entender o que é dito, entender a posição do outro, entender as realidades que são diferentes de pessoa para pessoa, clube para clube, estado para estado e região para região. Ouvir puxador de saco é sem dúvida a receita para o fracasso!

E para encerrar digo: ATENÇÃO GALERA!!! A MEDALHA DE OURO NO MUNDIAL NÃO MUDA NADA, afinal ela dá a entender que as coisas estão certinhas.

Hoje, uma menina de 11 anos no RJ, SP, MG ou AC não tem onde jogar e desenvolver seu futebol se ela quiser ser uma atleta, clubes mal tem competições, os profissionais (além de acharem que já sabem tudo) não tem onde debater e estudar sobre pontos específicos da preparação, fisiologia, psicologia, biomecânica e tudo mais que envolve o mundo EXCLUSIVO do futebol feminino. Ou seja, muitas lacunas e questionamentos sem resposta que mostram que ainda estamos longe do caminho do desenvolvimento e sustentabilidade do esporte.

Brasileiro gosta de futebol feminino SIM, como de qualquer outro esporte, o que falta para a nossa modalidade é apenas organização e um plano de ação de verdade que crie melhorias gradativas e permanente e não "operações tapa buracos" ou "apaga incêndio". 

Abraço a todos!

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