Futebol Feminino Brasileiro - Ah, mas o ouro mudaria tudo!

Uma das coisas mais erradas que podem existir no futebol feminino brasileiro é o pensamento de que só o ouro mudará as coisas. 

Será que vocês não percebem que o problema não é nem nunca foi o ouro?

Eu, particularmente acredito que são as coisas que precisam mudar para que um dia conquistemos o ouro e não o contrário. É como a busca desesperada da modalidade por mídia quando não temos ainda um produto completo para apresentar ao mercado.
Hoje, meninas de 10, 11 anos, de todo Brasil, não tem onde jogar se assim quiserem.

Não temos competições de base, os profissionais e clubes sempre esperam que alguém ajude, mas eles mesmos (em sua maioria) não buscam trabalhar para se sustentar e manter o ritmo.

Claro, existem outros clubes e profissionais que se esforçam sim. Mas ainda falta o espírito coletivo de pensar no bem na modalidade.

Ainda pensamos no meu bem, no bem do meu projeto, que eu deveria estar na seleção, que o meu trabalho é melhor que o de A ou B, mas em nenhum momento pensamos em: "poxa, vamos unir forças, pensamentos, debater, discutir, pontuar, pautar e trabalhar juntos pra coisa andar".

Não é o ouro, definitivamente, que mudará algo.

O Futebol Feminino é relativamente novo no Brasil se comparado a tantos outros países no mundo. Aqui, a história de proibições das mulheres em tantas atividades, se mistura à história da modalidade. Caminham lado a lado. 

As mulheres tem direito a votar, trabalhar fora, serem independentes financeiramente ou socialmente, há pouco tempo. As mulheres do futebol estão buscando seus direitos no futebol há exatos mesmo pouco tempo que todas as outras situações.

O machismo ainda vive impregnado dentro do futebol feminino, nas frases e atitudes de treinadores e profissionais, no comportamento de dirigentes, na postura de presidentes de federações. E não é o ouro que muda isso.

É o tempo, é a postura de quem faz, é a postura de quem pode mandar lá do topo da pirâmide, é a postura de quem está vindo de baixo para cima. Quando falo de baixo para cima, me refiro à postura de atletas e profissionais da modalidade.

A modalidade vive de disse me disse, paparicação ou babação de ovo, críticas quando estou fora da situação, elogios quando estou dentro, muito achismo de um monte de gente. O ouro não muda isso!

Não são 10 ouros olímpicos e mundiais que vão resolver. O que vai resolver são atitudes em cima de atitudes. Atitudes que demonstrem que cada um quer fazer com que a coisa mude, começando por MUDAR A SI MESMOS. E é preciso mudar a si mesmo, porque a coisa está feia demais!

Na gestão da modalidade, pra ter eficiência, é preciso mapear os problemas, definir como atacar e resolver cada um deles, montar um plano de ação para o esporte desde o esporte de participação, o educacional, e o de rendimento, buscar formas de avaliar resultados do trabalho. Tem que ser algo de pelo menos 10 anos!

Dentro do esporte, as palavra chave, tanto para atletas, profissionais, dirigentes e instituições precisam ser: união, planejamento, postura, profissionalismo, seriedade, respeito, transparência.

É necessário, diariamente, muita autoavaliação, ouvir muito, falar pouco e fazer tudo possível. E até hoje, o que mais vemos é apenas um fazendo tudo possível para falar mal ou atacar o trabalho do outro. Isso o ouro não muda!

O ouro mudaria tudo? Não, não mudaria nem mudará! 

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