O futebol feminino parou, mais uma vez, o país do futebol masculino

Foto GUSTAVO ANDRADE / AFP
Sexta-feira, dia 12 de agosto de 2016. 

Às 22 horas, a Seleção Brasileira de Futebol Feminino entraria em campo já sabendo que as seleções de França e EUA foram eliminadas por equipes consideradas azarões.

O Brasil, começou a tarde desta sexta sabendo que, caso passasse da seleção da Austrália, encararia o vencedor de EUA x Suécia. Logo, saber que a seleção americana havia sido eliminada e não teria a chance de ser nosso algoz nas semifinais já era um peso a menos nas costas de nossas atletas.

Iniciado às 22 horas, o jogo contra a Austrália foi uma mistura de tensão e responsabilidade, fatores que aparentemente pesaram muito e que geraram um nervosismo a cada minuto que se passava e a bola não entrava para que o placar ficasse à nosso favor.

No tempo normal, nada de gols. Então que venha a prorrogação!

Ela veio, com mais nervosismo e tensão ainda. Vale destacar que precisamos clonar a Formiga, pois essa jogadora é fora de série e ninguém joga como ela.

O jogo foi rolando, brasileiros na frente da TV e no estádio não conseguiam piscar. A sexta-feira chegou ao seu fim e "virou" sábado e o Brasil estava acompanhando!

Depois do empate na prorrogação, pênaltis! Haja coração!

E o Brasil parou! O país do futebol masculino, do preconceito contra as mulheres do futebol, mais uma vez - a exemplo de 2004 e de 2007- parou para assistir todo esse espetáculo. Um espetáculo de poucos lances bonitos, mas de muita entrega e vontade nítida de fazer acontecer diferente, afinal dessa vez é na nossa casa.

E a cada suspiro, corrida, chance, falta... o Brasil torceu junto! Homens na arquibancada vibravam e gritavam como se fosse uma final de copa do mundo! E para elas era! O jogo da vida! O maior, mais pesado e psicologicamente exigido até agora!

Nas cobranças de pênalti, se ali fossemos eliminados, sem dúvida aquele "Mineirão" lotado aplaudiria de pé e gritaria o nome de cada uma de nossas atletas... mas não esperávamos a derrota! Queríamos ir além!

Cobranças equilibradas, até que Marta, ela, o ícone do futebol feminino nacional, perdeu a sua chance de ajudar o Brasil e todas as mulheres do país a irem mais longe! Meu Deus! Logo você, Marta?!

Marta é mortal como nós! Erra, acerta, tenta... e ali ela errou! Ou mérito da goleira que pegou!

E agora? Lá vem a Austrália! O gol delas seria nossa despedida mais dolorida de todas... Ali o Brasil não respirava e o silêncio era ensurdecedor! (Não sei se o mundo parou, mas o país das mulheres do futebol, sim!)

E nossa goleira Bárbara foi lá e pegou a cobrança e manteve vivo o nosso sonho de viver a conquista olímpica dentro de casa! 

Essa mesma Bárbara, foi lá e pegou, depois de mais algumas cobranças, o pênalti que nos colocou nas semifinais das Olimpíadas do Brasil! 

E hoje não foi apenas um jogo! Foi o jogo em que o Brasil parou mais uma vez e que o preconceito contra as mulheres que jogam futebol foram esquecidos. Parecia até que sempre foi assim! Vibrações, gritos, choro, reza, sofrer junto e sorrir junto! Nada de comparação de homens ou mulheres nesse momento... era apenas o futebol do Brasil!

Estamos na semi! Vamos além! Mas garanto a vocês que trocaríamos, sem sombras de dúvida, a medalha de ouro no Brasil por acordar todos os dias sentindo que, como sentimos hoje, também somos o país do futebol feminino!

As empresas e dirigentes de futebol que afirmavam que não investem em futebol feminino porque não há mercado no Brasil ou visibilidade, terão que mudar de desculpa a partir de agora!


Comentários

  1. Estupendo e Fenomenal Esta Matéria, Parabéns Edu Pontes! Muita Emocionante e Sensacional remembrar ESTE FEITO INESQUICIVEL; SERIA PERFEITO Se na Semifinal a DESENVOLVIMENTO SE Repetisse, Mesmo assim VALEU E VALERÁ A PENA Continuar NA Torcida por estas Meninas e Mulheres do Futebol feminino {°°°}

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